terça-feira, 15 de março de 2016

Falando de política.

Eu sou péssima nisso. Apesar de acompanhar noticiários, diversos jornais de TV, TV senado, TV câmara, rádio CBN, rádio Jovem Pan, rádio Estadão, rádio USP, eu sou uma vergonha nisso, não guardo nomes de políticos, de partidos, esqueço os nomes daqueles que aparecem acusados de corrupção. O assunto política não é comigo, definitivamente. Mas me considero mais bem informada do que a maioria dos brasileiros.
Lembro bem o nome de dois deputados que eu costumava votar: Carlos Gianazzi, do PSOL, e Major Olímpio do PV, pois eu acompanhei o trabalho deles, seus projetos, suas votações e várias vezes a TV Câmara mostrava o comparecimento de apenas os dois no trabalho em vésperas de feriado, quando os demais emendavam o feriado.
Era jovem na época do impeachment do ex presidente Fernando Collor de Mello, depois lembro de vê-lo no Senado. José Sarney, tão criticado e acusado, sempre em altos cargos também e ainda por cima tem uma cadeira entre os imortais da Academia Brasileira de Letras!!!
Sempre conversei com as pessoas mais antigas e sei que os profissionais de saúde detestaram trabalhar para a prefeitura do Maluf, para o PAS, mas a população gostou do PAS, lembro que esses profissionais mais antigos gostaram de trabalhar para a ex prefeita Luiza Erundina. E esses são meus escassos conhecimentos sobre política.
Sei que trabalhando para a prefeitura há 15 anos raramente tivemos aumentos irrisórios, ano passado o prefeito Haddad pagou retroativos gordos para alguns, nem todos receberam e no mês seguinte o imposto de renda 'comeu' por inteiro o que recebi. E agora, com a inflação deste governo, tudo aumentou, preços, juros e a impressão que dá é que nosso salário encolheu.
Agora vivemos a época em que políticos estão sendo acusados, investigados e presos por corrupção. Eu acompanho e pouco entendo, vejo a maioria das pessoas querendo o impeachment da presidente Dilma e a prisão de Lula, o que eu também anseio. Vaias contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, que não só merece estas vaias, como também merece sair do governo. E petistas fanáticos defendendo o Lula, ou dizendo que outros partidos também deveriam ser investigados. Com isso eu concordo, mas que não se pare o que já se começou. 
Hoje cedo vi uma curta discussão entre dois irmãos no facebook. Minha amiga e seu irmão. Ela postou uma piada e ele não gostou. Segue a piada e a breve discussão:


Ele respondeu à piada: "Em contrapartida, milhões de pessoas tem casa própria hoje, graças à ele! Isso não é bom?"
Ela: "Ainda bem que isso Eu não devo a ele....."
Ele: "Não devemos nos prender e limitar em nós mesmos! Somos seres sociais, vivemos em sociedade. Se meus semelhantes estão passando necessidade, é minha obrigação moral e ética, tentar ajudar e aplaudir quem ajuda".
Ela: "Menos , meu caro.... Bem menos!"
Não resisti e me intrometi: "De saco cheio de ser um ser social, minha prima é voluntária na AACD, meu primo, cirurgião plástico bem sucedido, reserva um espaço em sua agenda operando pessoas com deformidades que não podem pagar, eu doo há 15 anos uma hora do meu trabalho de graça para hospital público. Trabalho 13h, 12h mal pagas, uma hora de graça, escrevo num blog informações sobre saúde, educação, divórcio, guarda, guarda compartilhada. Durante 2 anos, quando recebia cesta básica, eu a doava para uma família com 5 crianças, fora os 2 anos em que trabalhei como voluntária instrumentando cirurgias na Santa casa e no IBCC e os 10 anos em que doei sangue em bancos de sangue. Na minha humilde opinião, se cada um doasse um pouco do seu tempo a quem precisa e o governo abrisse mais vagas em cursos profissionalizantes e vagas de emprego, estava de bom tamanho já. Porque se apenas 2% das famílias brasileiras sustentam o país e a corrupção, eu já não estou mais quase conseguindo fazer parte desses 2%. E lugar de ladrão, é na cadeia!"
Ele ainda não viu a minha postagem e, pra ser sincera, não me interessa o que ele vai responder, mesmo porque, não prolongo discussões em páginas alheias, ainda mais em se tratando de uma discussão entre parentes.

Contra fatos não há argumentos:

Acorda Brasil- Lula e o bolsa família

https://www.youtube.com/watch?v=_LvF18nmXw4


E sim, os demais partidos devem ser investigados, mais políticos tem que ser presos, e a população tem que parar de votar com o estômago e sim ter uma ideologia, como o próprio Lula disse há tantos anos, antes de fazer justamente o contrário.
Eu preciso me politizar sim, e eu não vou votar em ninguém que tenha alguma acusação de corrupção, mesmo que ainda não comprovada. Acho que não vai sobrar ninguém.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Saúde dos meninos- Alerta para as mamães


Então. O Nícolas é o terceiro filho de uma enfermeira...

O Nícolas tomou as vacinas. O pré natal da gestação dele foi mais por telefone do que presencial. Nos primeiros 4 meses ele fez as visitas ao pediatra, estava tudo bem. Daí para frente, ele tinha problemas que uma amiga rezadeira resolvia, e quando ela não resolvia, eu medicava. Quando você está no terceiro filho, não precisa ser enfermeira para saber as doses das medicações para qualquer problema, sendo enfermeira então... Bom, o Nícolas teve a descida dos testículos antes do terceiro mês de vida, bem como o Eduardo.
Nos primeiros anos, os banhos eram dados por mim e pela babá. Nada de diferente. O mesmo esquema de arregaçar o prepúcio e lavar a glande. Não tiveram fimose.



Tudo certo até então. Logo o Nícolas já tomava banho sozinho e era muito asseado, mais que os irmãos. Não tinha porque me preocupar.
Às vezes eu achava a bolsa escrotal dele muito encolhida, mas no frio, isso é normal, até onde eu sabia. Mas certo dia de calor, ele com 7 anos, vi que à esquerda, o saquinho dele estava murcho e à direita não. Fui palpar... cadê um testículo? Sumiu? Sumiu!
"Ah, mamãe, faz um ano que eu tenho uma bola só!"
Bom, ele não tem muita noção de tempo. Seis meses? Um ano? Dois anos? Não sei!

Comentei com médicos e enfermeiros do meu setor e um deles me jogou a seguinte pérola:
"Meu filho teve criptorquidia quando pequeno. E esse problema está associado ao câncer de testículo na vida adulta."

É fácil dizer uma coisa dessas a uma mãe e depois se excluir de qualquer discussão sobre o assunto.
Fiz o que faz uma enfermeira, pedi a outra médica um pedido de ultrassom e uma tomografia.


Bom, foi isso. Comecei uma série de consultas com pediatras e cirurgiões pediátricos e uma procura incessantes sobre o problema. Criptorquidia? Testículo ascendente? Testículo retrátil? 
Tudo isso começou ano passado e até agora não sei qual foi o problema do Nícolas. O negócio é que tinha que operar e colocar o testículo no lugar. Mas e o câncer de testículo? Quais as chances, as probabilidades dele ter câncer na vida adulta?
Tudo o que descobri foi, em fontes desatualizadas que 5% dos homens no Brasil desenvolvem câncer de testículos, que o tratamento é quimio ou radioterapia, além da remoção do testículo. Que esses tratamentos deixam o testículo bom infértil e que 350 homens morrem de câncer de testículos no Brasil anualmente. Quase um homem por dia!!! Mas quantos desses homens tiveram o problema do Nícolas e tiveram câncer na vida adulta? Fonte nenhuma! Chega de estudar, vou falar com doutores, com especialistas. 
O primeiro já foi me dizendo, na frente do Nico que a 'bolinha dele estava atrofiada e não faria mais bebê'. Foi exatamente com essas palavras, para que o Nícolas entendesse que ele não faria filhos com um testículo...
Depois fui atrás dos pediatras e cirurgiões do meu trabalho. 'Então vamos remover esse testículo, afinal, vocês operam a criança, colocam o testículo no lugar, resolvem o problema a curto prazo, depois esquecem daquela criança. Ele vai virar um homem adulto e vai ter câncer?'
Todos achavam um absurdo a minha idéia. Nós vivemos com um ovário só, produzimos hormônios, engravidamos, por que um menino não pode ficar com um testículo apenas?
Segui pesquisando com pediatras e livros de fisiologia. E nada!
Só me falavam na questão psicológica de se ficar com um testículo só. Eu não queria saber da questão psicológica! Há testículos de silicone, nada que uma cirurgia plástica não poderia resolver quando ele chegasse na vida adulta.
Eu perguntava: "O que vai acontecer se removermos um testículo? Ele vai ficar baixinho? O pênis dele vai ficar pequeno? É isso que eu quero saber! Você não sabe, doutor? Você não deveria saber?"
Nenhum pediatra ou cirurgião pediátrico sabia! Nenhum livro de anatomia e fisiologia respondia!
O pai das crianças me rechaçava, não queria saber, não queria ouvir falar! Foi uma angústia que carreguei sozinha, com o pequeno Nícolas confiando cegamente em mim!
Por fim, um médico geneticista, junto com a minha irmã, bióloga geneticista, ambos doutores mesmo, com doutorado e pós doutorado, não responderam as minhas perguntas, tentaram, mas não responderam, e me disseram que eu poderia percorrer o Brasil, o mundo, que eu não encontraria um cirurgião que removesse o testículo do Nícolas.

Chegou o tão esperado e demorado dia, que só não foi mais demorado depois de muitos telefonemas ao SAC e à ouvidoria do convênio, com a única urologista pediátrica do convênio. E o que ela me disse sem rodeio nenhum, quando despejei as minhas perguntas foi: "Não sabemos. Ele vai ter que fazer acompanhamento anual com o urologista pelo resto da vida e não retiramos o testículo." 
Ela pacientemente olhava em meus olhos enquanto eu praticamente gritava as minhas dúvidas, escutou tudo pacientemente e sem rodeio nenhum foi assim que me respondeu. Explicou-me sobre a cirurgia, também falou que na idade dele o problema está associado à hérnia inguinal, pediu os exames pré operatórios e marcamos a cirurgia. E 29/02/2016 estávamos eu e o Nico no Centro Cirúrgico. Só nós dois. Ler a postagem Solidão de Mãe, publicada na véspera da cirurgia, em 28/02/2016.





Ontem fomos no retorno. Os pontos estão cicatrizando bem, o Nícolas não sofreu muitas dores. Ele está bem. Muito bem. 
Nesse retorno havia crianças com pai e mãe ou só com o pai, aguardando atendimento. Ele olhou e disse: "Que dó de quem não tem pai!" Olhei ao redor e vi que só ele estava apenas com a mãe, só ele estava sem pai..." Respondi: "Seu avô não pode vir, ele tinha que levar e buscar seus irmãos na escola. Mas seu pai vai te trazer no retorno". Ele sorriu.


Escrevo isso para que mães não passem pelo aperto que passei. E caso passem, saibam que não estão sozinhas. E para que os homens façam o autoexame dos testículos, façam ultrassonografia, caso haja algo de diferente, visitem o urologista.



quinta-feira, 3 de março de 2016

40 anos

Creio que foi anteontem que uma figura muito bem conhecida na minha vida, um karma maldito que eu vou ter que carregar pelo resto da minha vida (ou da dele), se escondendo sob anonimato me lançou "ofensas" me chamando de velha. Bom. Eu não vou falar da situação física dele, que está deplorável. Aliás, vou falar um pouco sim: ossos frágeis, que se quebram facilmente, careca, gordo, cheio de rugas e com ejaculação precoce de longa data, não tratada. E esses males parece que são comuns em homens da mesma profissão que a dele. Profissão ingrata que acaba com as pessoas que a escolhem por vocação.
Mas, independente disso, vou falar dos 40 anos. Aos 38 eu já não via a hora de ter 40. Verdade! Eu sentia que os 40 trariam grandes mudanças na minha vida e, na verdade, essas mudanças já estavam acontecendo. Aumentaram os cabelos brancos, mas nada alarmante, finas linhas de expressão surgiram, e ainda bem que ainda são finas. Mas eu não as preciso esconder com quilos de maquiagem, pelo contrário, uso menos maquiagem do que antes. Agora acho que o menos é mais! Não sou gorda nem magra. Aliás, para as magras sou gorda, para as gordas, sou magra. Então, está bom assim. Estou feliz com meu rosto e com o meu corpo.

Sexualmente, minha vida também está melhor, mais desinibida, mais solta, mais à vontade, mais sem vergonha...

Eu, fumante, aos 40 anos, aguento correr mais que meu filho de 12 anos, que joga futebol e muito bem, que é mais magro do que eu, que tem a minha altura, aguento fazer massagem cardíaca em pacientes por mais de uma hora, enquanto os jovens residentes não aguentam 5 minutos. Não troco a minha disposição física pela de nenhuma mocinha de 20.

Ninguém me faz de boba, e, quando tenta, eu descubro e me vingo, não deixo barato, ninguém me engana mais. Hoje, sem a inocência da juventude, eu tenho resposta pra tudo, não há calúnia, indireta, ofensa que passe sem uma boa, rápida e implacável resposta. Aos 40, você enxerga melhor as coisas, pensa mais rápido, encontra melhores respostas e soluções. É vivência, maturidade.

Os conhecimentos também aumentaram, diversos cursos que me aprimoraram na profissão, outros cursos que fiz por vontade, como Educação Sexual, alguns outros também na área de psicologia.  A idade trouxe maior desenvoltura e maior saber.
E esse saber traz mais tranquilidade para trabalhar, para lidar com pessoas doentes, doentes graves, o que não é nada fácil. Tranquilidade para lidar com o estresse, com as dificuldades, com a falta de educação de outras pessoas, com a falta de conhecimentos de quem está começando agora.

Lembro da primeira vez que um jovem residente me chamou de Senhora... quase caí da cadeira de susto! Todos sabem que eu sou brincalhona e boca suja e ele não levou a mal quando respondi: "Senhora é teu cú!"
Na época eu nem tinha ainda 40 anos. Hoje eu faço questão que esses jovens residentes me tratem por senhora. Ainda mais os que chegam cheios de arrogância, achando que sabem tudo, quando na verdade estão completamente crus. E sim, eles aprendem muito com os enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, embora jamais admitam isso.

Há um médico das antigas que de zoeira me chama de senhora. E a jovem babá de meus filhos também, de brincadeira me chama de idosa. E eu não ligo, eu brinco:
Velha é teu cú!


Eu lido bem com essas brincadeiras, porque sei que são brincadeiras. 
Mas quando não são brincadeiras, quem pensa que está me ofendendo, está perdendo tempo. Pois a idade chega para todos, as rugas, os cabelos brancos, as pelancas... A beleza vai embora e o máximo de elogio que você vai conseguir vai ser: "Velinho (a) fofinho (a)".
E isso é para todo mundo que conseguir chegar à velhice sem morrer antes.

Na postagem que publiquei em 23 de fevereiro de 2016: Chega de hipertrofiar os músculos e atrofiar o cérebro, eu falo da importância de se escutar generosamente os mais velhos. Os jovens de hoje estão tão arrogantes, tão cheios de si, tão cheios da beleza eterna, tão cheios de um falso saber, tão cheios de uma falsa razão, coisas inerentes dos adolescentes (tenho dois filhos pré adolescentes), mas hoje, uma arrogância muito maior do que na minha época de juventude. Eu podia discordar dos mais velhos, mas eu os escutava calada e com respeito. Só ganhei com isso.
Hoje tenho orgulho de ver a babá de meus filhos, uma jovem de 20 e poucos anos escutando as músicas da minha época, da época de meu pai e escutando atentamente as nossas histórias, uma raridade nos dias de hoje: uma moça que dá valor à sabedoria de seus pais e da nossa, já que mora no emprego. Ela tem consciência de que só ela ganha com isso.

Agora quando uma pessoa me xinga de velha, a minha resposta em pensamento, pois eu nem preciso responder em palavras, se resume no seguinte:





Eu pergunto a você, jovem, com que humor, com que disposição você vai chegar à inevitável velhice? Eu carrego comigo o bom humor, numa roda de conversa, eu faço as pessoas rirem, eu dou risadas e, apesar do meu temperamento, meus filhos me chamam carinhosamente de Miss Simpatia, pois não há lugar que eu chegue sem abrir um sorriso a dar um alto BOM DIA! Pois um bom dia (boa tarde, boa noite) tem que ser alto, não sussurrado, tem que ser de um jeito que as pessoas percebam que você deseja a elas verdadeiramente um bom dia. Um bom dia entre os dentes não deve nem ser dado! Eu chamo meus colegas de trabalho de gatinhos e gatinhas, isso eleva o astral... E eu puxo assunto com estranhos na rua. E quando estou dirigindo meu carro com as crianças e vejo gatinhos jovens e sarados correndo sem camisa, eu grito: "Cai pra dentro!", provocando risos dos meus filhos e dos gatinhos corredores! 
Como você vai chegar à velhice?
Eu vou chegar assim:


E foda-se quem achar ridículo! Atrevida, descolada, desbocada, bem humorada, pelo resto da vida!