quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

"O Culto da Mãe Perfeita é Diabólico com as Mulheres", afirma Elisabeth Badinter

Mulher que rejeitou 'desafio da maternidade' tem perfil no Facebook bloqueado e defende: ‘Não é depressão’ Leia mais: http://extra.globo.com/mulher/mulher-que-rejeitou-desafio-da-maternidade-tem-perfil-no-facebook-bloqueado-defende-nao-depressao

http://extra.globo.com/mulher/mulher-que-rejeitou-desafio-da-maternidade-tem-perfil-no-facebook-bloqueado-defende-nao-depressao-18692046.html

"Na última semana, um desafio levantado a mães nas redes sociais acabou gerando uma enorme polêmica. Em vez de, como na proposta, compartilhar fotos felizes da maternidade, a dona de casa Juliana Reis, de 25 anos, decidiu mostrar a sua experiência real, que descreveu como dolorosa e cansativa: “Quero deixar bem claro que amo meu filho, mas odeio ser mãe”, disse, num trecho. Rapidamente o post viralizou e, em pouco mais de um dia, teve quase 80 mil curtidas. Junto com ele, vieram milhares de comentários de apoio, mas principalmente de recusa à postura da mãe - alguns deles afirmando que a jovem estaria sofrendo de depressão pós-parto. Por volta das 5h desta quarta-feira, antes de finalmente ir dormir, uma surpresa: o perfil de Juliana foi denunciado para o Facebook e, em seguida, bloqueado".

Leia mais: http://extra.globo.com/mulher/mulher-que-rejeitou-desafio-da-maternidade-tem-perfil-no-facebook-bloqueado-defende-nao-depressao-18692046.html#ixzz40VmKOtqY


Bom, vamos lá. Eu participei do desafio, postei lindas fotos com meus 3 filhos e li a postagem dessa mãe, Juliana Reis, e não comentei. Agora vejo a repercussão que eu sabia que ia causar.

Da minha turma de faculdade, das 7 mais chegadas, fui a primeira a ser mãe. Lembro de uma amiga, Marília, me contando que eu fui a única pessoa que lhe disse a verdade sobre a maternidade. O que essa moça fez de errado a não ser postar a realidade? Onde está o direito de expressão dela? Ela fez alguma apologia ao crime, cometeu bullying cibernético???

Quando engravidei do Eduardo, meu ex marido perdeu o interesse sexual por mim tão logo a barriga apareceu. E meu corpo de sereia deu lugar ao de baleia (não foi diferente das outras gestações).  Meu humor, que nunca foi dos melhores piorou muito, chorava sem nem saber o por quê!  No final da gestação minhas articulações doíam demais e era um sacrifício muito penoso ter que levantar da cama de meia em meia hora pra fazer xixi. Vontade de urinar o dia e a noite inteiros.  Eu queria parto normal e o bebê não descia, não encaixava. De pirraça, porque eu tinha que parir normal, esperei mais de 43 semanas, quase 44 (gestação de égua), então fui lá fazer a cesárea.  Não amei aquele pequeno desconhecido logo de cara: ele não era tão bonitinho quanto os bebês de comerciais! Detestei quando ele pôs a boca no meu seio! Meus seios eram para homens chuparem, era para sexo, não para bebê!!! Não tinha leite, ele não sugava com força e eu tinha que ficar puxando o leite em aparelhos manuais que, além de que causavam dor, não saía quase leite. O Eduardo não dormia mais de uma hora tanto de dia quanto de noite e sempre aparecia alguma visita indesejada justo naquela horinha em que ele dormia e eu tentava dormir. Juro que fiz de tudo pra ele pegar o peito, mesmo detestando, pois na faculdade nos fazem uma lavagem cerebral: tem porque tem que ser leite materno. Senti muita culpa por ter que inserir o NAN, péssima mãe, péssima enfermeira. Sempre reprovada pela ex sogra e pelo ex marido. Um fracasso. E sim, eu tive depressão pós parto, sem ajuda nenhuma de ninguém que pudesse enxergar isso, afinal, depressão pós parto também é atestado de fracasso, as pessoas não querem ver, não querem aceitar, não querem ajudar, é frescura, você quis ser mãe, agora dê um jeito, se vire para ser ótima! As outras gestações vieram com tudo isso e ainda pressão alta e risco de eclâmpsia. Em cada uma as dores articulares pioravam. a Melissa nasceu prematura e no parto do Nícolas tive um choque anafilático e parada cárdio respiratória... Que maravilha!!! Na sequencia vieram a separação e o divórcio e então eu tinha um bebê de 4 meses, uma filha de 3 anos e um de cinco para me virar sozinha.
Hoje dois deles são pré adolescentes. Sempre há dois brigando e se batendo. Quando um adoece, os 3 adoecem, quando um vomita, os 3 vomitam, quando um se caga, os 3 se cagam... Logo os adolescentes já querem discutir e questionar ordens, eles quebram, sujam, bagunçam tudo! Tem horas que eu quero que eles vão morar com o pai!!!
E sim, eu amo meus 3 filhos do fio de cabelo até os pés deles! Eu amo vê-los jogando bola, nadando, andando de bicicleta, tirando notas altas na escola! Adoro receber os amiguinhos deles em casa, ir ao cinema, cantar com eles e exibí-los como se eles fossem as minhas obras de arte!!! Eu faço parte das vitórias e conquistas deles!
O ato reprovável que essa moça cometeu, foi falar publicamente sobre isso! Eu confessei para uma amiga, ela abriu o jogo e escancarou o que a maioria das mulheres sentem.
Eu amo meus filhos, eu amo ser mãe, mas eu não amo ser mãe o tempo todo! Há momentos em que eu preciso fugir dos meus filhos para garantir a minha sanidade mental! Nooooosssaaaa!!!
Dias atrás comentei o post de uma amiga que postou uma linda foto com seu filhinho declarando seu amor por ele, eu disse: "Tenha 3 filhos e haverá momentos em que você vai querer matá-los!" Mentira?
E as mulheres que optaram por não terem filhos? Minha irmã não quis. Tenho certeza de que há momentos em que ela questiona essa decisão dela, afinal, a sociedade cobra isso de nós e nós mesmas, mães, ficamos explicitando a toda hora o quão bom é ser mãe! Mas tem o outro lado não tão bonito, nem tão gostoso de ser mãe que não se pode falar...


"O culto da mãe perfeita é diabólico com as mulheres, afirma Elisabeth Badinter"


O link acima tem uma entrevista muito interessante com a filósofa Elisabeth Badinter. Vale a pena ser assistido.
Leiam a postagem de Janeiro de 2015 deste Blog: Somos Quem Podemos Ser

2 comentários:

  1. Pois é, minha irmã... principalmente na época do Eduardo bebê, eu estava morando em Ribeirão Preto, e não sabia a total dimensão de tudo, ao ler seu texto até me admirei com algumas coisas... concordo com você em tudo e sabe, antigamente eu até me questionei se fiz certo em não querer filhos. Graças a Deus não fui muito cobrada, porque meu então "marido" na época já era pai, não tinha pressão da família dele. Da nossa, como nunca gostaram dele e você engravidou, também não tive nenhuma pressão. Da sociedade, uma vez um colega me perguntou se eu era estéril (rsrsrs) e eu afirmei que não. Detalhe: ele tinha 3 filhos, um com Síndrome de Down que era muito doentinho... A sociedade hoje em dia é muito cruel com a mulher: VOCÊ TEM QUE SER JOVEM, LINDA, BEM SUCEDIDA, TRABALHAR, SER MÃE, ESPOSA, ESTAR SEMPRE NO COMERCIAL DE MARGARINA COM A FAMÍLIA FELIZ, FAZER SEXO TODO DIA COM SEU MARIDO E TER ORGASMOS MÚLTIPLOS TODAS AS VEZES!!!! Não precisa ser inteligente, basta não ter celulite... Precisa ter tempo para administrar casa, emprego, filhos, academia, passeios com a família, vida social e com amigos, afinal você é a super mulher que consegue fazer tudo perfeitamente certo!!! Oi???? Já o homem não fica velho, fica charmoso... nem pai direito ele precisa ser, basta pagar 30% (ou até menos) de pensão que tá tudo certinho!!!! Daí hoje eu vejo que as novas gerações (e olha, como eu sempre digo, os seus filhos estão entre os melhores, e não é por serem meus sobrinhos!!!) que geralmente não querem saber de trabalhar, estudar, ajudar nos serviços domésticos! Cheios de mimimi, não aguentam uma crítica! E se eu tivesse filhos, ainda teria que contatar ex!!!! Aff... eu não tenho paciência não! Prefiro meus dois gatinhos, às vezes eles também discutem, e eu tenho que sair correndo atrás deles com uma vassoura na mão para apartar, rsrsrsrsrs... Por esse motivo que muitas estimativas dão conta que as pessoas estão cada vez mais trocando a família humana por animais...

    ResponderExcluir
  2. Pois é... falou tudo. Vivemos numa época em que todos tem que ser perfeitos, principalmente as mulheres, na época do faça o que eu falo e não faça o que eu faço, na época do politicamente correto, na época da hipocrisia doentia e generalizada. Por isso que eu escrevo.
    Quando escrevo, não estou criticando a sociedade, o mundo, estou fazendo uma auto crítica, na esperança de que as pessoas reflitam e também façam.
    Obrigada pela sua visita em meu blog e pelo seu comentário. As opiniões e reflexões que vem de quem lê, sempre acrescentam. Beijos!

    ResponderExcluir