sábado, 13 de fevereiro de 2016

Tirando uma boa lição dos eventos ruins

"Todas as coisas, na Terra,
passam...
Os dias de dificuldades,
passarão...
Passarão também
os dias de amargura
e solidão...
As dores e as lágrimas
passarão.
As frustrações
que nos fazem chorar...
um dia passarão.
A saudade do ser querido
que está longe, passará.

Dias de tristeza... 
Dias de felicidade... 
São lições necessárias que,
na Terra, passam,
deixando no espírito imortal
as experiências acumuladas".
Médium
















Eu me apego muito a este pensamento para poder ter paz nessa vida de mãe solteira e enfermeira, acumulando as minhas dores e as de meus pacientes e amigos. Todos temos as nossas dores: perda de um ente querido, dores e doenças, medos, fim de relacionamento, desemprego, problemas financeiros e por aí vai.
Dos meus problemas, o que mais está pesando agora são os financeiros. Quando me formei pela USP, como enfermeira, mesmo tendo rejeitado emprego no Hospital Albert Einstein, pois preferia trabalhar com o povão a viver na falsidade, comecei bem, em dois empregos, juntei dinheiro, deu pra comprar carro, bancar casamento (que merda que eu fiz!) e comprar um terreno.
Então os filhos foram vindo, separei e já não dava mais para trabalhar em dois empregos, embora eu tenha feito isso por alguns períodos, mas com a ausência do pai, os filhos precisavam e precisam muito da minha presença. E nesta profissão, mesmo os filhos recebendo pensão alimentícia (a qual é tributável e eu já falei sobre isso em postagem anterior- Alienação Parental), não dá para sustentar uma família.
Esses dias escutei um tanto desatenta na CBN que apenas 2% das famílias sustentam o país e sua corja de corruptos, além dos programas sociais, dos quais eu nunca obtive benefício nenhum (essa última parte é pensamento meu).
Eu faço parte desses 2% que sustenta o país. E não estou aguentando mais. Esqueceram de dizer o quanto desses dois por cento estão endividados do pé até a raiz do cabelo.
Nossa categoria não faz greve. Temos direito à greve, entretanto somos obrigadas a manter um número mínimo de pessoal para que a assistência não seja comprometida. Ou seja: não temos direito à greve, pois greves só funcionam quando realmente trazem prejuízos à população.
E por optar em não trabalhar em mais de um emprego, o preço que eu pago é não poder arcar com as despesas da família.
Sempre contei com a ajuda generosa de meu pai, que, apesar de aposentado (com baixa aposentadoria), ele tem o aluguel de dois pequenos imóveis. Mas esse governo corrupto, demagogo, cheio de programas sociais, aliados aos altos juros e à inflação fez com que pela primeira vez meu pai se visse em situação de aperto. Pouco podendo me ajudar.
Fechamento de 2015, início de 2016: não posso mais pagar as prestações do carro que comprei usado, não pude comprar parte da mistura do mês (eu e meu pai dividimos as compras), não posso pagar parcela do IPVA, como não obtive ajuda do pai e da avó de meus filhos, além da matrícula e material escolar, tive que comprar o que pedi a eles: chuteiras pros meninos e mochilas para os três. A escola me doou uniformes escolares para o Nícolas, mas o Eduardo e a Melissa também precisam e não havia para eles nada além de um moletom. Mas eu já sou muito grata por isso. E sim, eu viajei para uma pousada nas minhas férias onde meu pai pagou 2 terços das despesas e eu um, onde não nos foram cobradas as diárias das crianças e fizeram um grande desconto para os adultos, pois estávamos a ponto de explodir. E o saldo final disso foi que não me sobrou sequer o cheque especial. Não sei nem quero saber se o cartão de crédito foi debitado da conta. Nesses 16 anos de trabalho registrado em carteira, é a primeira vez que estou sem saída.
As soluções, além dos cortes:
Estou aguardando a aprovação de um desconto nas mensalidades escolares das crianças.  Vou voltar de férias e trabalhar a pé. 5km não vão me matar. As crianças vão para a escola a pé também. Assim não gastamos combustível...
Assim que terminar o processo de juros abusivos que entrei com o carro, vou colocá-lo à venda. Vamos ficar com um carro só. Com o dinheiro vou por aparelho nos dentes das crianças e comprar novo par de óculos pro Nico e quem sabe umas bicicletas.
Eu e a minha irmã estamos pensando em montar um pequeno negócio, não muito lucrativo, mas sem grandes investimentos, o que, se der certo, será um troco a mais. Não sei se ela está tão envolvida nisso quanto eu, mas enfim...
E assim vamos correndo atrás do prejuízo que o governo nos colocou. A própria presidente diz que somos um povo criativo (ela é muito piadista!). E está nos meus planos também ir entrando aos poucos no ramo da beleza, um curso de manicure aqui, um de design de sobrancelhas alí, que foi o que sugeri para a minha ajudante, mas pelo visto, eu mesma vou ter que correr atrás, pois os jovens de hoje não estão nem aí pra hora do Brasil. Eu só sei que infelizmente na minha área, não vale à pena, é muito trabalho, muita responsabilidade para pouco retorno.
E vamos ver se em 2017 eu já estarei mais tranquila, pra poder ajudar quem se encontra na mesma situação que eu.







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