sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

2012

"Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo.

Olha para trás, para toda a jornada,os cumes, as montanhas,o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre.

Mas não há outra maneira.

O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.

E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece. Porque apenas então o rio saberá que não se trata de DESAPARECER no oceano, mas TORNAR-SE OCEANO.

Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.

Assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar. Coragem !! Avance firme e torne-se Oceano!!!"

(Osho)



Num plantão estive conversando com meu colega e amigo Tonhão e finalmente pude explicar para ele como pude sentir e compreender a citação acima de Osho. E como tirei minhas conclusões sobre morte/ morrer...

Quando minha mãe agonizava em meus braços, eu ainda não havia lido esse texto acima. Li outros de Deepak Chopra algo semelhantes, mas não podia visualizar e compreender.

Então, enquanto minha mãe morria em meus braços, eu a abraçava forte como que pra segurar seu corpo e sua alma, mas a sensação real que tive foi que ela deslizava por meus braços numa forte turbulência, seu corpo estava inerte, mas eu sentia o tremor escorregando enquanto eu tentava segurar. Ela estava em meus braços... mas parecia que algo deslizava com força.
Foi quando eu disse: "Pai, a mãe está morrendo!!!"
E o resto de sua passagem, já comentei em post anterior...
Então pude entender que o rio corre com medo pelas pedras e demais obstáculos e só quando chega no oceano, ele perde o medo e percebe que não deixou de ser rio, apenas se tornou oceano! Mas minha mãe não teve medo. Foi muito corajosa.
Como no universo, quando explode uma estrela, ela não deixa de existir, continuamos enxergando sua luz daqui da Terra muitos anos depois que ela "deixou de existir". Mas ela não deixou de existir! Tornou-se uma parte consciente do Universo, 'poeira' e luz. Ela expandiu. O Rio expandiu, tornou-se oceano. No caso de minha mãe, sua consciência expandiu e ela tornou-se parte VIVA de tudo, luz... Seu corpo foi devolvido a terra e se misturou aos 4 elementos, o resto é espírito, sopro divino.... é eterno!

“A morte tem de ser recebida como uma convidada de honra.
Ela não é uma inimiga.
Ela só parece inimiga porque nos apegamos demais à vida! 
É por causa desse apego que mal conseguimos falar sobre a morte.
O dia em que as pessoas tiverem mais consciência do que seja a morte, elas viverão muito melhor. Aproveitarão a vida sem nunca se esquecer de que ela não durará para sempre.
Passarão a viver de maneira bela e também morrerão de maneira mais bela”. (Osho)


"Tocando a terra, abandono a idéia de que sou esse corpo e de que meu tempo de vida é limitado. Compreendo que este corpo, constituído de quatro elementos, de fato não me representa e nem me limita. Faço parte de uma corrente de vida de ancestrais espirituais e antepassados de sangue que, por milhares de anos, vem fluindo no presente e assim continuará por milhares de anos no futuro. Sou um só com meus ancestrais, com todos os povos e todas as espécies, sejam pacíficos e destemidos, sejam sofredores e amedrontados. Neste exato momento, estou em toda parte deste planeta. Estou presente também no passado e no futuro. A desintegração deste corpo não me altera, do mesmo modo que, quando as flores da ameixeira caem, isso não significa o fim dessa árvore. Vejo-me como uma onda na superfície do oceano, minha natureza é a água do oceano. Estou em todas as outras ondas, e todas as outras ondas estão em mim. O aparecimento e desaparecimento da forma da onda não afetam o oceano. Meu corpo do dharma e a sabedoria da vida não estão sujeitos ao nascimento e à morte. Vejo-me presente antes mesmo da manifestação do meu corpo físico e depois da sua desintegração. Mesmo nesse momento, vejo como também existo em outro lugar que não é este corpo. Setenta ou oitenta anos não é o meu tempo de vida. Meu período de vida, como o de uma folha ou de um Buda, não tem limite. Eu já ultrapassei a idéia de que sou um corpo separado no espaço e no tempo das demais formas de vida".
Thich Nhat Hanh, Ensinamentos sobre o Amor



E é por isso que não sofri o falecimento de minha mãe mais que o necessário...
Sinto sua falta, Mãe! Agora que vai fazer um ano que não a abraço. Quando estudo ou faço tarefas com meus filhos, lembro de você fazendo comigo. Então esses dias estou um pouco sensível. Ainda mais que as crianças estão de férias longe na casa da outra avó! 
Mas fico feliz em saber que você VIVE, de uma forma diferente, que eu não conheço, mas já faço alguma idéia vaga de como seja...(jul/2012)

TE AMO, MÃE!

2 comentários: